LI E GOSTEI : NO CAMINHO EU CONTO

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O QUE HELOISA ME CONTOU PELO CAMINHO… SÓ ELY VIEITEZ PODE EXPLICAR.

Acabei de ler, no Clube de Regatas, numa tacada só, o livro No caminho eu conto, de Heloisa Martins Alves.
E no mesmo domingo, à tarde, me sentei defronte a tela do computador para dizer o que senti ao ler os contos de Heloisa.
Mas, antes, dei uma olhadela no meu Facebook…e lá encontrei o texto de minha amiga/irmã, Ely Vieitez Lisboa sobre a obra de Heloisa: e não tive coragem de escrever meu texto…porque Ely disse tudo que eu pretendia dizer, e com muito mais propriedade e conhecimento literário: afinal de contas sou somente um professor de Matemática, apesar de leitor voraz.
Então, segue abaixo, o texto “roubado” de Ely e que eu assino com grande satisfação:

“Já foi dito que quando se faz literatura é difícil delimitar o que é real ou ficção. No início, o autor e Deus sabem. Depois de um certo tempo, só Deus. Essa assertiva me veio à mente, ao ler o livro No Caminho eu Conto, de Heloisa Martins Alves, Funpec-Editora, 2016.
Não é aleatório que o livro é dedicado às mulheres e traz uma epígrafe de Clarice Lispector. Já no prefácio, a Profª Cláudia Maria Cantarella Silva realça as personagens femininas “sempre marcantes, sensíveis, inteligentes e repletas de um poder que embriaga o ambiente e o leitor”. Realmente quase o livro todo é ungido de um forte erotismo, às vezes explícito em alguns contos.
Chama a atenção a obsessiva predileção por lugares do exterior, mais europeus e a onomástica, com nomes franceses, espanhóis e russos, como a realçar mais a fantasia do leitor. Amulheres são todas belas e sensuais, os homens, fogosos.
A autora tem predileção por finais abertos e romances livres, casuais, que não obedecem as regras dos chamados bons costumes. Mas não há cenas obscenas, libidinosas, todos os detalhes são descritos com uma certa fineza.
Há alguns textos de Realismo Fantástico, outros muito criativos, como O Velório. Aliás, a criatividade é uma das qualidades da autora, assim como seu conhecimento minucioso de mulher bem informada, cosmopolita, conhecedora de comidas, hábitos e lugares refinados, uma “habituée” do alto mundo da sociedade.
Alguns textos são de ficção, outros meio jornalísticos, históricos. Enfatize-se um conto de ficção, que se sobressai: “Uma viagem dentro de casa”, narrativa com um toque mais realista e com um final primoroso: “Esta noite de encontro e libertação foi como tomar absinto,,,” Aliás, há outros finais notáveis, curtos, plenos de significados. Veja-se como termina o texto O homem e o pássaro, página 67, uma verdadeira joia.
Intriga o porquê da autora assinar em alguns finais a nota que a narrativa foi escrita por um pseudônimo, como Malu Lumière, o mais usado, ou Úrsula Jitrois. Na realidade, quer pelos pseudônimos, locais dos contos, as onomásticas e citações em francês, há um enorme realce da cultura francesa da autora.
Realmente o livro No Caminho eu Conto, de Heloisa Martins Alves, suscita, além do prazer da leitura, um certo mistério, A autora faz o jogo mostra-esconde, próprio da literatura, desvelando seu mundo íntimo, seu modo de ver o amor e a paixão, livres, sem regras, a obsessão por personagens femininas modernas e arrojadas.
Na realidade, criativa como é a autora, falta só uma pequena dose de coragem para um desnudamento literário, libertando-se de procedimentos literários como os dos pseudônimos, vasculhando seus porões, com a ousadia da mulher culta e corajosa que é.
Provavelmente vejamos isto, em breve, no seu segundo livro. Vale a pena aguardar”.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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