THOME, TAMBÉM CHAMADO PEDRO

ROD-SAINDO-DO-SF

“O bom filho a casa torna.”
Provérbio popular.

No Novo Testamento conhecemos Tomé, também chamado Dídimo.
Tomé é um apóstolo que só acreditava em algo quando via e/ou tocava nele.
Assim é o Thome, Dr. Pedro Thome Francisco Reis Filho, o oncologista que tem feito, ultimamente, parte inseparável da vida de minha família.
Rod, meu Isaac — que já entreguei nas mãos do Criador a fim de que seja feita a vontade Dele — está também nas mãos competentes do Dr, Pedro e sua equipe que, como o Tomé bíblico, só acredita vendo: vendo ressonâncias magnéticas, resultado de biópsias, radiografias…
As atividades desse dedicado, atencioso e sensível médico me fazem lembrar uma passagem do Evangelho: “Quando éreis um, vos tornaste dois”: pontualmente às 7 horas da manhã já estava no quarto 309 do Hospital São Francisco…ele vale por dois, pelo menos.
Ao lado da cama do meu Rod — calvo já aos 33 anos pelo efeito da quimioterapia, e sempre muito bem rodeado por anjos de branco trocando o soro, as bolsas de sangue, aplicando injeções com antibióticos e analgésicos — , ele dava as informações e instruções à minha Lu, minha luz, e fiel escudeira de nosso filho Rodrigo durante sua permanência no leito, em sete longos dias. E nesses momentos, quando tocava o tumor no abdômen de Rod, mais uma vez eu me lembrava de uma passagem da vida de Tomé: “Chega aqui o teu dedo e olha as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente – João 20: 24-29”.
Quanto à nossa rotina diária, minha e da Lu, estivemos mais para o Antigo do que para o Novo Testamento: sete dias construindo nossa recente história particular, passo a passo, e quase entrando em coma alcoólico de tanto gel passado nas mãos.
E o WhatsApp foi fundamental para que tudo pudesse ser feito da melhor maneira possível: bendita tecnologia!!!
Lu e eu “whatsapeamos” centenas de mensagens no dia a dia: resultados de exames de sangue, pedido de novas roupas para troca do dia, remédios para uso da acompanhante, recados para familiares aflitos, combinação de horários para chegada e saída do colégio onde trabalho, fotos para mostrar Rod em diversas situações — dormindo, andando pelos corredores, recebendo o primeiro exemplar do livro, O menino de um braço só, feito em sua homenagem por Alexandre Azevedo e o ilustrador Renato Andrade.
Todas as sete tardes, das quinze às vinte horas, olho pela janela do quarto 309 e admiro a elegante arquitetura do prédio da Selled do Brasil, na esquina da Marechal Deodoro com a Bernardino de Campos, depois de deliciosas refeições com cara de comida caseira, tomadas na cantina do Colégio Anchieta com atendimento vip do meu amigo/irmão Rafael, eu curti a presença de Rod e Lu, compensando, por breves momentos, a tristeza das noites solitárias, em minha cama, diante da TV.
Durante meu trabalho, “abandonado” todas essas sete tardes, graças à compreensão de minha amiga e Diretora, Profa. Alcilene, e o meu amigo e mantenedor, Prof. Velloso, recebi palavras de apoio de professores, funcionários e alunos de Informática do Rod. Também foram muitas as pessoas e grupos que se comunicaram comigo informando sobre ações à distância energizando nossa família: o que nos tem dado muita força, coragem e serenidade.
E foram longos os dias iniciados e encerrados com orações aos pés de Cristo, Maria, Santo Expedito, Santo Antonio, São José de Anchieta…todos os Santos, ou não.
Mas Rod voltou para casa… para tomar um sol morno e aconchegante.
Está conosco nesse final de semana friolento, de final de junho : mas um dos mais alegres dos últimos meses.
Rod a casa torna.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.co
www.tortoro.com.br

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