A POSSE QUE SÓ EU VI

POSSE-QUE-SO-EU-VI“Faça uma lista de grandes amigos / Quem você mais via há dez anos atrás / Quantos você ainda vê todo dia / Quantos você já não encontra mais…”
A lista – Oswaldo Montenegro
Manhã de sábado no Centro Universitário Barão de Mauá, anfiteatro Prof. MS. Luis Alberto Trindade, posse solene da Profa. Dra. Dulce Maria Pamplona Guimarães na Cadeira número dez da ARE- Academia Ribeirão-pretana de Educação.
Já participei e já organizei dezenas de posses enquanto presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras e da ARE- Academia Ribeirão-pretana de Educação.
Mas nesse início de primavera essa posse foi diferente.
Pela primeira vez fez-se claro para mim que, para que alguém tome posse de uma Cadeira, alguém terá nos deixado, alguém que por anos participou de nossas reuniões mensais, colaborou na realização de eventos e projetos, enfim dedicou parte de sua vida a fim de que o sodalício continuasse a ser uma realidade.
E assim foi inevitável uma volta no tempo.
Como espectro se sobrepondo à imagem da atual Mestre de Cerimônia, a acadêmica Marilda Franco de Moura Vasconcelos, eu via e ouvia o Dr Luiz Carlos Raya quando de seu discurso histórico na sessão solene em que foram empossados os primeiros membros da ARE, em 2004, nesse mesmo local.
Na primeira fileira, discretamente acomodada, Nilva Mariani seguia atenta o desenrolar do ritual de posse que ela conhecia tão bem: por diversas vezes Nilva nos deu a honra de vê-la magistralmente desempenhar o papel de Mestre de Cerimônia.
Compondo a mesa, impecavelmente trajando terno e gravata, a figura esguia do Dr Rubem Cione, representando a ARL, destacava-se pela autoridade conquistada por décadas dedicadas à educação e cultura: exímio orador era sempre instado a tomar da palavra e nos brindar com sua verve inesquecível e inigualável.
Ocupava o centro da mesa diretora, o anfitrião, Prof. Dr. Nicolau Dinamarco Spinelli, vendo, orgulhosamente, ser entregue à neo-acadêmica, pelas mãos de seu grande amigo, Prof. João Alberto de Andrade Velloso, o Medalhão de Mérito Educacional que leva o seu nome.
A ARE é filha da ARL. Nasceu em 2002 nas reuniões ordinárias da ARL realizadas no restaurante Fazenda de Minas e, por esse motivo, notei a presença, dividindo espaços com o público presente, de outros escritores e educadores que me são eternamente caros, e que comigo conviveram em ambos os sodalícios: Mário Moreira Chaves, Wilson Rovéri, João Caetano de Menezes, Theodoro José Papa, Alfredo Palermo.
Enfim, é como diz Mário Quintana: “Essa lembrança que nos vem às vezes… / folha súbita / que tomba / abrindo na memória a flor silenciosa de mil e uma pétalas concêntricas… / Essa lembrança…mas de onde? de quem?
Essa lembrança talvez nem seja nossa, / mas de alguém que, pensando em nós, só possa / mandar um eco do seu pensamento / nessa mensagem pelos céus perdida… / Ai! Tão perdida / que nem se possa saber mais de quem!”.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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