ARTIGO: PROFESSOR SANTILLI: A HUMILDADE DE UM MESTRE

PROFESSOR SANTILLI: A HUMILDADE DE UM MESTRE

 

No ano de 1964,  Antonio Santilli era meu Professor de Matemática no “Estadão”: IEOM – Instituto de Educação Otoniel Mota.

De jaleco branco, percorria os hoje centenários corredores da centenária instituição de ensino, indo da sala dos professores até a sala de aula.

Quando entrava para dar aula em nossa classe, todos ficavam de pé: um sinal de respeito ao Mestre, figura séria , mas não sisuda, educado, atencioso, presente.

As imagens de suas aulas ainda estavam presentes em minha jovem memória, quando fizemos parte, ele e eu, em 1976, da mesma segunda turma do, na oportunidade, recente curso de  Matemática da Barão de Mauá.

Em certa aula, num momento em que o Professor João Nilton propôs a resolução de uma problema sobre Cálculo Diferencial e Integral, eis que se aproxima de minha carteira, caderno nas mãos, meu ex-professor Santilli dizendo se podíamos resolver, juntos, o tal problema proposto: era o Mestre, com toda a humildade do mundo, buscando a colaboração do discípulo.

Foi um momento inesquecível, em que senti uma emoção tão grande que marcou, até hoje, minha história de vida.

Em 2000, fiz parte, como Presidente da ARL- Academia Ribeirãopretana de Letras, de uma comissão formada pelo Grupo Gerenciador Ribeirão 2000,  que escolheu 33 Mestres Inesquecíveis que receberiam homenagens entregues por ex-alunos e autoridades — troféu “Reconhecimento ao Sempre Professor” — no Theatro Pedro II, um grande acontecimento, num grande palco: e Antonio Santilli foi, merecidamente,  um deles.

 

Em 2002, quando idealizei e fundei a ARE – Academia Ribeirão-pretana de Educação, dediquei ao meu grande e inesquecível Mestre a Cadeira número 3, atualmente ocupada pelo Acadêmico Titular, Professor Ericson Dias Mello.

 

Infelizmente,nesse início de dezembro de 2021,  meu caro amigo e Professor Santilli, com quase nove décadas de existência — pouco antes do Natal de um difícil período pandêmico — virou estrela, e deve estar trocando idéias e fazendo celestes cálculos matemáticos em alguma outra dimensão, com meu não menos admirado Mestre, Professor , Márcio De La Corte, Patrono da Cadeira número 20, da ARE – Academia Ribeirão-pretana de Educação a quem prestei homenagem em meu artigo “Márcio De La Corte virou Álgebra – http://www.tortoro.com.br/blog/?p=8469.

 

Segue abaixo biografia de Antonio Santilli, postado no site da ARE : www.areeducacao.org.

 

“É professor de matemática e sabe o valor exato da palavra educação. Ele se considera um professor de carreira. Aos 18 anos de idade, deixou o trabalho na fazenda do pai para cursar o antigo Madureza, transformado mais tarde em Supletivo. Estudou por 7 meses, antes de ingressar na escola Otoniel Mota.

Entusiasmado com o ensino, tornou-se professor dos próprios colegas. Em 1952, entrou na antiga Faculdade de Odontologia e Farmácia e se sustentava com o dinheiro que ganhava como professor. Formou-se em 1955 e nos dois anos seguintes trabalhou como dentista. Mas a matemática foi mais forte. Assumiu seu destino como educador e passou a dar aulas em tempo integral em várias instituições de ensino de Ribeirão Preto.

Lecionou também em Jardinópolis, por 2 anos. Deu aulas no Instituto Metodista e Colégios Santa Úrsula e Auxiliadora. Foi um dos primeiros educadores do COC e também ensinou no Moura Lacerda e na Barão de Mauá.

Em 1976 formou-se em Filosofia da Matemática na Barão de Mauá. No ano seguinte, conciliou a profissão de professor com a de fiscal do Estado, cargo conquistado através de um concurso público, em 1971. Aposentou-se em 1993 como chefe do posto fiscal de Ribeirão Preto, mas não parou de lecionar. Seu projeto mais recente é a produção de um livro sobre matemática comercial e financeira.

Casado com Maria Stella Cordeiro, professora primária, é pai de 4 filhos. Sente-se um privilegiado por não depender apenas do salário de professor. “É preciso que as autoridades vejam com mais atenção as questões culturais do país. Hoje, além dos baixos salários, sinto que muitas escolas ainda não estão preparadas para os avanços tecnológicos que estão aí”, lamenta.

Homenageado como Grande Mestre, Santilli se diz honrado. “Essa lembrança da sociedade foi muito importante. Significou um encontro muito proveitoso”, observa. “Todos os professores que receberam o prêmio, mereceram a homenagem”, conclui.”

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

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